Grã Bretanha

Enquanto Jhaeson enchia o balde viu a garota pegar o olho e fazer todo o procedimento de verificar o óleo, e preencher o que faltava, ela preferiu completar do que trocar o óleo, o que foi uma boa escolha trocar poderia demorar demais.

Assim que terminou, seguiu em direção ao lobo, lavando as mãos assim que ele retirava o balde de baixo da torneira. O garoto perguntou se faltava pouco para se livrar deles, Jhaeson pegou o balde e parou próximo a ele, olhando nos olhos.

― Você deveria ser mais educado, ou qualquer dia, pode não ter mais a língua para ser tão sem educação, iremos assim que terminar, não quero ficar aqui mais o que necessário, mais o lembro nada foi de graça, pelo que saiba o carro foi pago...

Falou deixando o garoto para trás seguindo para o carro para colocar água no carburador.

Throst estava encostado na parede esperando o jovem lupino terminar de arrumar as coisas do colega. Ele escutava as palavras dele dentro do quarto enquanto tragava seu cigarro, estava inquieto, mas acabou rindo quando Lucian falou que iria arrumar uma terceira opção ― Como é bom ser jovem e sonhador! ― Não era uma zombaria, mas também não incentivava.

Se surpreendeu quando ele apareceu, pensou por um minuto que ele fosse racional, mas quando pediu para que a carta ficasse entre eles, acabou não encara-lo ― Se eu comunicar isto a Aled, ele vai dar as costas a você sem nem dar resposta... Se Hannah souber ela vai te dar uma surra, te ofender até ficar sem voz e dizer que você está assinando o atestado de óbito do teu povo... ― Throst deu os ombros ― Se caso isto acabe aparecendo, serei o primeiro a abrir a boca, Lucian... Não concordo, caso ela escape terá tempo para falar depois e se “isto” é tão importante para os dois, ela vai entender... Ou não é reciproco? Rs

A água me fez arrepiar! Estava mais gelada que eu imaginei... Jhaeson foi para a caminhonete para finalizar a rápida manutenção enquanto o garoto resmungava, foi ai que Jhaeson fez o favor de assustar mais ainda.

Suas palavras me fizeram virar para ele, secando as mãos em uma toalha perto da pia. As palavras foram afiadas como uma navalha e se o garoto não tivesse um infarto agora, nunca mais teria, escutava como um tambor dentro do peito do garoto. Engoliu a seco e ficou estático.

― Vamos terminar logo... Assim cada um segue com a sua vida... ― Disse, tentando apaziguar as coisas, e pior, nem sabia o porque. O garoto baixou a cabeça e ficou como um soldado aguardando as ordens do general. Imaginava se ele se sentia ameaçado por instinto ou pela postura real do lobo.

Me encostei na pia olhando para as costas de Jhaeson. 

Lucian olhou de Throst eram firmes, ele concluiu que dizer algo para Aled ou Hannah não seria a escolha mais sabia a fazer, pois ele iria ir embora dando as costas, enquanto Hannah poderia quer dar uma surra nele, e ofende-lo, apesar que uma surra seria muito improvável pois ela não tinha a força para isso, mais poderia sim tentar.

O grande homem deu de ombros, mais deixou claro que se algo fosse descoberto, ele iria ser o primeiro a falar, terminou dizendo que não concordava com aquilo e caso ela escape terá te falar depois, se fosse importante para os dois ou tal sentimento não era reciproco.

― Não precisa se preocupar quando o momento chegar eu mesmo irei falar, é sobre reciproco, digamos apenas que as coisas são mais complicadas do que parece, então deixemos isso para lá.

Sem mais Lucian chegou a porta do seu quarto adentrando tranquilamente com a mala de Jhaeson na mão.

Jhaeson em silencio finalizou o trabalho de colocar agua no carburador, ouviu Hannah dizendo que iram partir assim que terminar, para cada um seguir sua vida, Jhaeson fechou o capo do caro batendo as mãos.

― Acho que com isso finalizamos o que precisava ser feito, ou tem mais alguma coisa para ser feito, acredito que nosso amigo ai teria muito prazer em ajudar em tudo que for necessário não é mesmo?― Jhaeson apontou a cabeça para o garoto.

Throst apenas acompanhava Lucian com os olhos, enquanto falava que ele mesmo iria falar, mas o velho lobo sabia que aquilo estava longe de ser verdade. O jovem Alfa pensava mais com o coração que com a cabeça, era nobre, mas acreditava que com muito sentimento, logo ele iria trocar os pés pelas mãos.

Acompanhou com o olhar até a porta do quarto, onde estaria Aled e Lydia. Respirou fundo e aguardou ele voltar, lá dentro Aled iria estar atento ou quase. Então olhou para o celular, havia uma mensagem, surpreso leu surgindo um sorriso nos lábios.

Enquanto observava Jhaeson trabalhar fiquei em silencio e de braços cruzados. Fechei os olhos quando escutei o capo ser fechado, vi o garoto sorrir aliviado. Ele estava estressado com tudo aquilo e não era de se estranhar.

― Só pegar os documentos e parar em uma lavagem... Não quer chamar a atenção com uma caminhonete com mais poeira que um sótão, né? ― Olhei do garoto para o lobo. Não precisou de muito para o garoto trazer o documento junto a uma outra carta, uma procuração para o uso do veiculo e para passa-lo depois para meu nome.

― Mande meus cumprimentos ao seu tio... E espero não termos mais tantos acordos ― Disse com um leve sorriso apertando a mão do garoto, sentia sua mão tremer ao contato com a minha.

Fui para o carro entrando no carona ― Sabe dirigir né? ― Perguntei, pegando o celular e mandando mensagem para meus tutores, logo estaríamos na pensão. 

Assim que terminou  Hannah disse que precisava apenas pegar alguns documentos e levar o carro para uma lavagem, já que parecia ter  mais terra do um deserto, olhou para os dois, o garoto saiu e retornou com os documentos.

Enquanto um sorriso se desenhava em seus lábios ela pediu para o garoto mandar seus cumprimentos ao tio dele, aquilo parecia ser uma espécie dela, sobre o que de fato aconteceu com o tio do garoto, finalizou dizendo que esperava não ter mais tantos acordos.

Estendeu a mão enquanto o garoto a segurava e é balança, assim que terminou se dirigiu até o carro indo para o lado do carona, olhou para Jhaeson perguntando se sabia dirigir, aquilo era quase uma ofensa, porém não disse nada se limitou a caminhar para o carro, e sentar no lado do motorista.

Ligou o carro, desta vez ele ligou quase que imediatamente enquanto ela mexia no celular Jhaeson disse:

― Coloque o sinto, não quero que saia voando caso aconteça algum acidente.― Brincou com as palavras a provocando.

Quando o jovem lupino entrou no quarto, Aled apenas levantou os olhos, como se averiguasse o que já sabia. Olhou a mala nas mãos dele enquanto escutava a pergunta, o velho homem balançou a cabeça em sinal de sim.

― Logo voltarão... Os dois parecem estar se divertindo ― Disse ele voltando os olhos para a tela do aparelho ― Segundo ela “Jhaeson sabe como assustar alguém!” seguido de alguns coraçõezinhos... Não sei bem o que significa, mas parece que se deram bem ― Sua voz parecia de surpresa ― Vão lavar a caminhonete e vir para cá...

Ver Jhaeson brincar era novidade, achei que havia abandonado seu senso de humor junto a sua vida humana, olhei para ele surpresa e acabei rindo ― Nada de acidentes Sr. Jhaeson! ― não demorou para a porta do outro lado da oficina abrisse, para sairmos com o carro pelo que realmente era a entrada daquele lugar.

― Se eu não me engano, tem um posto de gasolina com lavagem na rua de baixo, aproveitamos e enchemos o tanque e tomamos um café, o que acha? ― Perguntei tentando puxar conversa, afinal, logo a presença dele seria inevitável. 

Aled deu uma olhada para Lucian, avaliando o que trazia apenas uma mala, o viu colocar no chão enquanto informava que havia recebido sinal dos dois, dizendo que eles voltariam logo, e que pareciam está se divertindo, olhou para o celular lendo a mensagem novamente ou pelo menos pareceu tentando entender o que ela significava.

Na mensagem dizia que Jhaeson sabia como assustar alguém, e que tinha coraçõezinhos, Aled falava que não entendia o significado daquilo mais que os dois pareciam ter se entendido bem, finalizou dizendo que iam so lavar a caminhonete e depois voltariam, Lucian segurou um riso com a informação.

― Jhaeson já foi um cara mais divertido, hoje ele consegue meter medo facilmente, adotou uma postura mais rígida, então isso não me surpreende, tudo que precisamos fazer e esperar eles é então partimos.

Falou Lucian se sentando na cama.

Ela brincou dizendo que não queria acidentes, a porta se abriu revelando o peco, o carro saiu com um ronco suave do motor, Jhaeson verificou o rádio do carro ligando em uma frequência aleatória.

O som era baixo mais tranquilo Hannah o avisou que havia um posto de gasolina uma rua abaixo de onde estavam, poderia lavar o carro e encher o tanque e até mesmo tomar um café.

Ele olhou para ela avaliando se aquilo era brincadeira ou sério, após alguns instantes disse:

― Pode ser estou morrendo de fome, não comi nada ainda...

Lucian parecia se divertir com a noticia dos dois. Falou sobre o amigo, dizendo que ele era mais divertido, mas agora estava mais rígido, o que não era de se estranhar afinal, a vida que os lobisomens levavam não era nada fácil.

O garoto se sentou na cama, fazendo Aled olhar dele para a humana e então voltar seu olhar para a janela ― Hannah sempre foi de se divertir fácil, mas depois do que houve na aldeia se fechou de tal maneira que é até estranho ver ela se divertindo com outras pessoas que não seja eu e Throst.

No corredor o outro lobo aguardava fumando mais um cigarro, sabia que logo que entrassem dentro da caminhonete iria ter que sessar aquele vicio.

Jhaeson ficou me olhando, como se ponderasse sua resposta até concordar, aquilo era estranho, até mesmo para mim. Coloquei o corpo um pouco para frente, para poder olhar apenas para ele.

― Porque você veio me procurar? E porque parece não me levar a serio assim? ― Perguntei apenas por curiosidade, mas era certo que ele me via como uma criança, ele devia ter o que? O dobro da minha idade!? Todos que seguiriam viagem deveriam me ver como uma criança bagunceira! Por isto não me deixavam ir sozinha buscar apenas um veiculo... 

Sentado na cama Lucian ouviu ele dizer que Hannah já foi mais feliz antes de tudo que aconteceu, e que depois do que aconteceu ela se fechou e apenas parecia se divertir com ele ou Throst.

O cheiro de canela preenchia o corredor, com o cigarro de Throst.

― Talvez eles possuam mais em comum do que imaginamos, e isso possa de alguma forma trazer certa aproximação.

Olhou para Lydia que estava mexendo em seu celular distraidamente.

― Aled, já que eles não devem demorar irei usar aqueles cinco minutos que pedi assim até adiantamos as coisas, Throst esta lá fora, vou para o quarto do Jhaeson assim que eles chegarem partimos.

Enquanto seguiam a estrada, Hannah colocou o corpo para a frente para poder encarar ele de frente, ela perguntou porque ele veio atrás dela, e porque parecia não a levava a sério.

Olhou de relance para ela sem tirar os olhos da rua, deu uma suspirada e falou:

― Lucian pediu que viesse a sua procura, mais acho que isso não foi por não levar você a sério ou algo do tipo, e porque os vampiros estão a soltos, isso pode significar que não seja os únicos... Levo a sério, mas você me lembra a mim a muito tempo, quando mostramos dois lados do que somos...

Virou a rua de baixo seguindo para o posto.

Quando Lucian disse que iria para o quarto do colega, Aled se levantou e foi em direção das malas. Pegando as duas com facilidade e calma ― Já que terminou de arrumar as coisas, irei levar as malas para a recepção e aguardar eles e vocês lá...

Aled parou perto de Lucian, esperando Lydia voltar a realidade para seguirem para o primeiro andar. Deixou Lucian sair primeiro para entrar no quarto de Jhaeson já que era caminho, assim ele teria tempo e espaço para fazer o que quer que fosse.

Jhaeson falou que não era por não me levar a serio que veio atrás de mim e que Lucian o mandará atrás e não que veio por conta, suspirei me encostando para trás quando ele disse que eu o lembrava quando era mais novo, aquilo era deprimente para mim.

― Não é normal um transformado se ver em um nascido ― Disse olhando para as mãos, abrindo e fechando-as ― Já devem ter te contado que tenho sérios problemas em me controlar ― Disse forçando um sorriso, descendo da caminhonete quando chegamos no posto, esperando que dessa vez Jhaeson tomasse a frente. 

Lucian esperava mais algumas palavras ou contradições de Aled, já que era visível que não concordava com as atitudes dele, porem ele se levantou e foi até as malas, pegou as duas com facilidade é disse tranquilamente.

Disse que como já havia terminado de arrumar as coisas, levaria as malas para a recepção e aguardar a chegada de todos, as palavras morreram como se quisesse falar mais alguma coisa, mas não disse parou perto de Lucian, esperando alguma coisa, seu olhar seguia em direção a Lydia.

Lucian percebeu e a chamou, ela se levantou e seguiu logo atrás, Lucian saiu primeiro seguido de Aled e por último Lydia, Throst esperava do lado de fora.

― Não irei me demorar.― Falou Lucian abrindo a porta do quarto de Jhaeson.

Jhaeson dirigiu tranquilamente enquanto falava, o caminhou não demorou assim que se calou, ouviu Hannah suspirar se encostando no banco. Já se podia avistar o posso quando ela disse que não era normal um transformado se ver em um nascido, ela olhava para suas mãos abrindo e fechando.

― Não ache tão surpreendente, e quando digo que somos parecidos falo de características, não importa se é um nascido ou um transformado.

Em seguida ela disse que já deveriam ter contato a ele sobre seu problema de auto controlar, ele balançou a cabeça confirmando enquanto ela sorria sem jeito, assim que o carro parou do lado da bomba de gasolina, ela desceu antes de Jhaeson desligar o carro, em seguia ele saiu segurando as chaves, pegou a bomba e começou a encher o tanque olhando para Hannah do outro lado do veículo.

O posto estava vazio, apenas um frentista cochilando em uma cadeira perto da loja de conveniência.

―  Não ter controle e algo natural a nossa espécie, claro que um nascido aprende a lidar com isso desde sempre, mais alguns as vezes não consegue, já os transformados precisam lidar e aprender a compartilhar o corpo e a mente com uma fera, algo que desconhecia até ser mudado.

Ele  fechou a bomba,  a colocando no lugar.

Os dois velhos se entreolharam, para amigos de longa data não precisava de muito para saber que poucas palavras foram trocadas naquele olhar. Aled seguiu para a recepção, colocando as malas junto com as outras e acenando para a senhora da recepção com a cabeça ― Vou aguardar os dois voltarem ali na rua, se desejar pode me acompanhar ou ficar aqui dentro, tenho certeza que aqui está mais quente ― Disse Aled, esperou a resposta e foi para a rua, sentando no banco em que Hannah e Throst havia ficado quando chegaram, colocou as mãos nos bolsos e ficou observando o vago movimento da cidade.

Throst por outro lado, mal se moveu, ficou aguardando Lucian no corredor. Batendo o pé no assoalho, estava inquieto e não era de se estranhar, aquela cidade possuíam diversos perigos e sem a segurança de casa ficava ainda pior para eles, eram Omegas.

Jhaeson parecia tentar me reconfortar, ele mal imaginava que escutava estas ladainhas desde que era pequena! Mas ainda sim o olhava, com as mãos no bolso do casaco. O cheiro de gasolina era forte naquele local mesmo do outro lado do carro.

― Não é normal... Teve um tempo que nem me transformar conseguia! ― Disse fazendo a volta na caminhonete e parando a quase um metro de Jhaeson ― Meu pai dizia que quando eu era pequena tive muito doente, por isto este retardo... Mas não acredito nesta historia...

Me encostei na caminhonete, não me importei que fosse sujar o casaco. 

Lucian  adentrou o quarto, sentou na cama cruzando as mãos e suspirando, poderia se deixar desabar por um momento, pensou em tudo que acontecerá neste pouco tempo nas palavras de Aled e mais ainda nas de Throst, ele sabia que os dois estavam parcialmente certo, porém não sobre tudo ou sobre o que ele poderia fazer.

Passando a mão no rosto para desanuviar a mente dos pensamentos que pareciam apenas pesar seu animo, se levantou foi ate a gaveta que pegara parte das coisas de Jhaeson e pegou uma pequena caderneta, nela havia uma caneta presa, ele se sentou na cama é se colocou a escrever.

Sua caligrafia era legível, não muito sofisticada mais com um ar rústico , enquanto deixava sua mão transcrever do que queria e precisava dizer a ela, mesmo que não fosse pessoalmente.

Enquanto Jhaeson falava Hannah apenas o olhou para ele colocando suas mãos no bolso, ela respondeu que aquilo não era nada normal, que teve um tempo que nem mesmo se transformar ela conseguia, enquanto caminhava para o mesmo lado que Jhaeson parou a uma certa distancia dele.

A olhando ele aguardou, não demorou em ela juntar as palavras, falou que o pai dela havia dito que ela teve uma doença quando pequena que acabou causando uma retardação em seu processo de metamorfose, mas não acreditava nisso.

De fato era difícil acreditar que um nascido sofreria com tal doença, uma vez que seu metabolismo acelerado impedia a proliferação da doença, com a chave nas mãos Jhaeson disse:

― A mudança às vezes pode ser algo psicológico... Então não transformar poderia ser uma segurança imposta em seu subconsciente, seu pai deu a explicação para isso, mais não acredita nisso, o que acha que pode ser...

Caminhou mais próximo a dela mostrando a diferença de altura entre eles, ele não era grande como Throst, mais sua altura era maior que a dela, colocou a mão em seu ombro.

― Independente do que seja as coisas agora serão diferentes, para o melhor ou pior, se  você se permitir talvez seja a hora do bom vim até você, precisamos e merecemos ser felizes as vezes.

Novamente algo sobre o psicológico... Imagino quantas teorias eles fariam que seriam as mesmas que meu bando fez. Vi Jhaeson se aproximar, como um reflexo, coloquei um pé para trás, eu era desconfiada por natureza, sempre fui um “bicho do mato” e agora não seria diferente.

Tive que olhar para cima, para olhar o lobo no rosto, me senti pequena com ele tão próximo! Falou que as coisas iriam mudar, se bom ou ruim, ninguém poderia dizer, mas que poderia ser algo bom. Não sabia o que responder e desviei o olhar, encolhendo os ombros, sentindo o toque pesado em meu ombro.

― As coisas já começaram a mudar... Depois de trinta anos vagando pelo continente, já era hora de voltar a um bando... ― resmunguei sem jeito, tirando os momentos que Throst e Aled se aproximavam de mim, normalmente era eu quem tomava a frente de avançar. Tirei a mão do bolso com um cartão prateado e estendi para ele ― Para pagar a gasolina... 

Jhaeson ergueu uma sombra celha sutilmente quando viu o recuo de Hannah mais nada disse, se manteve em sua posição, retirando a mão de seu ombro, a ouviu dizer que as coisas já haviam começado a mudar, que após anos vagando era hora de voltar para um banho.


― Às vezes não existe uma hora certa para as coisas, tem momentos que somente precisamos nos lançar ao desconhecido, pois o que mais nos da medo do novo é não saber o que esperar, posso dizer a você que passei por muita coisa mais não me arrependendo de minhas escolhas.

Jhaeson viu a mão dela ir ate o bolso tirando um cartão prateado, mostrado que o usaria para pagar a gasolina.


― Que tal usar ele para pagar aquele café? Porque sai sem um troco, afinal fui pego meio de surpresa. ― Sorriu para ela indo ate a loja de conveniência, para acertar a gasolina.

Jhaeson parecia ser mais sociável que Lucian, não duvidava que fosse... Ele tirou a mão do meu ombro, olhei para ela. Ele falou sobre o medo e me arrancou um leve sorriso. Então depois que eu lhe entreguei o cartão, ele falou sobre o café, falando que não tinha troco.

― Que homem desprevenido! ― Disse brincando, correndo atrás do lobo para alcança-lo ― Pelo visto nem comer, comeu ainda! ― Disse com um pequeno sorriso nos lábios. Tempos de mudanças? Talvez seja isto que todos precisamos... 

A conversa pareceu  ganhar um ar mais leve, ela sorriu com as palavras de Jhaeson enquanto corria para alcançar o lobo dizendo que ele era um homem desprevenido, e que pelo visto nem comer havia conseguido ainda.

― Bem não é que seja sempre assim, é que os últimos dias aqui na Grã Bretanha não foram fáceis, é vocês chegaram a tempo, pois Lucian queria fazer uma loucura.

Falou ele abrindo a porta, e segurando para ela passar, a conveniência tinha uma máquina de café expresso, e algumas mesas para os clientes.

Aquele homem me surpreendia a cada palavra. Comentou que chegamos na hora certa, que o jovem alfa estava para fazer uma loucura!

― Que tipo de loucura? Vai me dizer que iria se atirar no meio dos vampiros? ― Perguntei zombando, nenhum Alfa seria tão idiota em fazer algo deste tipo sem que o bando estivesse em total perigo.

― Quando perguntamos, do porque não ligarmos para vocês quando saímos de Amsterdã, para irem se arrumando... Albion disse que não era uma boa ideia, que talvez precisasse mais que apenas as palavras dele para o filho o obedecer... O que ele quis dizer com isto? ― Entrei na loja cumprimentando a garota que estava no caixa e indo para a maquina de café. 

As palavras de Hannah apesar de parecerem brincalhona, quase como um deboche de algo completamente insano, é impossível Jhaeson a olhou um pouco mais séria.

― Não diria se atirar em meio aos vampiros, mais o que ele queria fazer era algo precipitado e perigoso, foi por isso que o segurei eu sabia que vocês estavam vindo so precisei esperar um pouco.

Logo ela emendou perguntando o que Albion queria dizer que seria necessário mais que palavras para convencer o filho a obedecer, eles caminharam até a máquina de café, eles falavam em tom baixo apenas para que eles escutassem.

― Albion conhece bem o filho que tem, afinal ele se parece demais com ele em vários aspectos, ele provavelmente sabia que se apenas ligasse ele poderia dar uma desculpa, quando ele o mandou para esta cidade ele sabia que Lucian poderia se envolver demais, porém mesmo assim Albion sabia que ele colocaria o bando a frente de tudo, pois o maior medo de Lucian é não ser digno de tal título, além de proteger aqueles que depositaram fé nele.

Terminou Jhaeson pegando um copo médio,  e preenchendo com café.