Grã Bretanha

Os olhos de Jhaeson observavam os dois como se fossem confirmar o que ele acreditava ter descoberto, porem Throst, apenas falou que eles pareciam se preocupar com os humanos, sendo completado por Aled que disse que aquilo era diferente deles, que não os viam como inimigos.

Jhaeson uma ia já fora humano, é sabe bem como os humanos podem ser cruéis, destrutivos e vingativos seu bando já havia sofrido com isso diversas vezes contra caçadores, mais ele sabia que não poderia colocar todos no mesmo saco, enquanto pensava nisso viu Throst falar em um tom mais baixo que seria difícil para Hannah sem entender, enquanto Aled dizia que para eles também.

Quando Jhaeson já tinha certeza que sua pergunta morreria sem uma resposta, Aled disse que sim que eram eles, que existiam muitas histórias referentes a famílias deles, que nasciam guerreiros, mais que eram historias para outro momento, se virou para Lucian, dando a entender que o tempo não podia esperar.

Jhaeson sabia que ele estava certo, mais olhando para Lucian ali daquele jeito ele sabia o confronto que ele passava, ele sempre sentiu algo diferente pela tocada, até mesmo entrou em confronto com um vampiro por ela, saber que ela estava nas mãos de um, deveria ser terrível mesmo que na mensagem ele pareceu deixar claro que estava bem mais até quando? Esta talvez fosse o grande “x” da questão.

Lucian demorou a responder, ele sabia que os olhares daqueles quatro estavam sobre ele, mesmo com a saída da jovem lupina, ele sabia que deveria ter falado algo ou agradecido ela por tentar conforta-lo de alguma forma, porém nem mesmo as palavras dela seriam o suficiente para confortar seu coração.

Deu alguns passos pelo quarto, olhando para cada um ali, parando um pouco mais no rosto de Jhaeson, ele sabia o que Jhaeson faria ou queria que ele fizesse não era segredo, ele estava tentando o alertar desde o início para não se envolver com Rhiannon, pois isso não iria acabar bem, e ali estava ele dividido entre duas coisas importantes que partia seu coração.

Suspirou se virou para Aled. ― Vamos retornar a colônia, se meu pai pediu para que fizéssemos isso so pode significar que o momento está se aproximando, mais antes preciso saber o que meu pai disse a vocês, ele ofereceu alguma coisa por todo este trabalho? Vocês não fariam isso apenas porque ele pediu não é mesmo?

O tom de voz de Lucian não era de cobrança ou dúvida, estava mais para cansada porem, atenta ao que iria sair daquela conversa, ele não poderia leva-los a colônia sem saber de fato o que a presença deles significavam, mesmo que sua mente seguisse para Rhiannon, ele queria acreditar que a mãe dela pudesse de fato resgata-la, mesmo quando ele mesmo queria fazer isso.

O jovem alfa mesmo que atordoado e confuso, era esperto, ponto positivo aos olhos dos dois velhos guerreiros, mas também sabiam que se Hannah não se desse bem com ele, nada daquilo seria suficiente para ajudar sua protegida e aquela questão era mais importante que entrar para um bando.

Aled e Throst ficaram satisfeitos com a atitude de Lucian, mesmo que estivesse com um passo atrás, ainda estava a seguir o caminho que Albion queria, se fosse certo ou errado, era ele quem tinha tal poder de decisão, não apenas como pai mas como Alfa e líder do futuro lar que os aguardava.

Aled não conseguiu segurar o sorriso que se desenhou em suas lábios quando a pergunta havia se formado: “porque seguiam ordens de Albion?”. O olhar fixou no chão sua mão acabou indo para a barba rala, acariciava como se ponderasse o que poderia falar e então olhou para seu velho colega, a sincronia que envolvia os dois era fenomenal, mas já era de se esperar, eram amigos desde a infância, apenas um olhar ou gesto já era suficiente para saber o que se passava na cabeça um do outro.

― Lucian... ― Disse Throst chamando a atenção do jovem lupino ― Eu e Aled somos apenas velhos guerreiros, seguindo as ordens do nosso antigo Alfa... Proteger e tentar guiar sua conturbada cria... ― O sorriso malandro do lobo era visível, como se aprontasse ou pregasse uma peça aos mais novos ― Se existe acordo ou não, fora feito com a jovem que você deixou... ― Parou para pensar na pior forma possível de passar a informação ― no vácuo agora pouco... ― Apontou para a porta que ela havia saído a pouco tempo ― Se esperas respostas, deverá falar com ela.  

Aled olhava para o colega, balançando a cabeça e bufando no fim, não imaginando o que ele estava a aprontar, talvez colocar mais responsabilidade na cabeça da garota? Ou fazer ela começar a ter consciência do novo bando?

LYDIA PATTERSON

Lydia permaneceu sentada na cama enquanto escutava em silencio o desenrolar de toda aquela conversa, que parecia apenas se estender cada vez mais, ouvir Lucian dizer que iriam para a colônia a fez esboçar um sutil sorriso que desapareceu assim que ele perguntou aos lobos, porque todo o trabalho de levar Lydia e faze-lo ir para a colônia, que não seria apenas por  Albion pedira.

Lydia viu Aled esconder um leve sorriso enquanto coçava a barba cerrada, mais quem falou foi Throst a fazendo se virar em sua direção. Ela chamou Lucian, dizendo que eles dos eram velhos guerreiros que seguiam ordens do antigo alfa, proteger a cria dele, o sorriso nos lábios dele se alargou.

Voltou a falar dizendo  que se existia um acordo ou não, fora feito com a jovem, dando uma pausa concluído ao falar que deixara no vácuo, ela entendeu a deixa ao ver ela se aproxima dele, uma ação que a surpreendeu, ele apontou para fora dizendo que se queria respostas deveria falar com ela.

Lydia olhou para Jhaeson que já iria falar alguma coisa é cessou quando ela balançou a cabeça.

―Lucian...― Falou Lydia. ―Acho que talvez você devesse falar com ela, de todos ela talvez é a mais confusa com tudo isso.

Lucian olhou dos homens diante seus olhos para Lydia sem entender o que tudo aquilo significava apesar de sua mente esta distante, ele precisava se focar no presente, com o grande homem apontando para fora é com as palavras de Lydia ele se decidiu.

― Pois muito bem perguntarei direto a ela, enquanto vocês.― Apontou para Lydia e Jhaeson.― Se quiserem se ocupar arrume as coisas para nossa partida.

É  saiu, porta a fora a fechando todos do lado de dentro, encontrou a garota escorada do lado de fora.

― Você esta bem? ― Disse se aproximando e escorando ao seu lado.

As palavras da garota chamaram a atenção dos dois lobisomens que acompanhavam o grupo, não sabiam dizer se ela era muito corajosa ou idiota de mais para criticar sua protegida. Seus olhares não eram nada amigáveis, talvez até um pouco hostis. Lydia já sabia que eles não viam humanos com bons olhos e ainda se sentiu no direito de falar da garota? Porem acabaram por se virar, Throst se jogou na poltrona e acendendo um cigarro e o cheiro forte de canela invadiu o quarto, Aled por outro lado parou do lado da janela, cruzando os braços e fitando o lado de fora, esperando a tal conversa, estava ciente que Hannah não iria agir de uma boa forma, mas era um passo a ser tomado, cedo ou tarde.

Estava sentada no corredor, abraçando as pernas com a testa encostada nos joelhos, fazendo meus cabelos escorrerem pelo meu corpo como uma cascata negra, um jeito infantil de “meio que” me isolar do mundo. Os fones estavam altos e bloqueava boa parte do papo de dentro do quarto, por isso me surpreendi quando a porta se abriu. O cheiro era do garoto, pensei que fosse dar uma volta ou coisa do tipo, mas para meu azar parou do meu lado, fazendo o mesmo movimento que eu e se sentando ao meu lado. Parei a musica.

Lucian perguntou se eu estava bem, me fazendo levantar um pouco a cabeça, suficiente para olha-lo por cima do braço. Pela primeira vez olhava para ele de verdade, pele branca, olhos expressivos, barba rala ou por fazer... Seu porte era atlético, não deveria ser muito mais velho que o filho de Aled, isto é, se ele estivesse vivo.

Respirei fundo e balancei a cabeça suavemente, com a voz suave e um pouco rouca respondi ― Sim... Lembrar daquele dia não é algo fácil ― Desviei o olhar dele ― Pelo que você falou, não pretendia voltar tão cedo para a aldeia... ― olhava para frente, e sabia que minha voz saia abafada por causa dos braços porem ele escutava ― Porque? Lembro que odiava quando tinha que sair da aldeia para acompanhar meu pai na cidade ― Mesmo escutando as historias na aldeia, nunca pensei que fossem realmente reais, fugia de mais a minha realidade e depois de trinta anos vivendo entre humanos, ainda parecia que nunca iria me acostumar. 

Lucian  se sentou ao seu lado da garota, ela tinha um cheiro um pouco diferente dos lobos ou dos humanos porem não soube identificar o porquê, não se importou com isso ela ergueu parcialmente a cabeça o bastante apenas para olhos pelos braços que envolvia seu corpo.

Ela balançou de forma negativa a cabeça, logo sendo seguida por sua voz, que parecia um pouco embargada, ela disse que era difícil lembrar daquele dia, isso vez Lucian perguntar o que havia acontecido, seu olhar se desviou enquanto o lobisomem escorava a cabeça na parede como se olhasse para o teto.

Ela continuou falando que ele não pretendia voltar para colônia tão cedo, seu olhar era para o nada adiante e seus olhos com a voz abafada pelo braço, ela perguntou o porquê, dizendo que odiava quando tinha que sair de sua aldeia, para acompanhar o pai.

― Bem no começo eu não gostava também... Me achava diferente que todos notariam e que teria que fugir ou acabar ferido alguém, mais com o tempo fui me acostumando meu pai gostava e me levar com ele em missões curtas.

Disse Lucian dobrando um dos joelhos e apoiando sua mão sobre ela.

― Eu estava aqui para coletar informações e proteger uma pessoa, porem esta pessoa foi sequestrada, ela era parte da minha missão e falhei com ela e com o bando, pior de tudo falhei comigo, é descubro que Jimmy morreu, não consigo acreditar nisso...

Sua voz foi sumindo até reinar apenas o silencio, por alguns instantes ele não disse nada, e então recomeçou.

― Queria pedir desculpa por mais cedo, me senti um pouco deslocado ao saber de Jimmy, ligado com a pessoa que deixei ser levada e que vocês estavam aqui a pedido do meu pai... Falei com os dois é eles falaram que meu pai fez um acordo com você, posso saber o que foi combinado? Sabe que entre nós pelo menos a maioria não existe muitos acordos ou companheirismo...

Deixou a frase morrer no ar, para que ela entendesse que aquilo era estranho para ele.

O garoto ainda estava perdido, talvez como eu... Pensando em tudo que houve até agora e ter que se abrigar na aldeia, pelo menos para ele, era sua casa, seu lar... Para mim, não conseguiria chamar outro lugar de lar a não ser aquele que foi destruído.

Comentou que também não gostava, mas era obrigado por seu pai, tal como eu. Com o tempo foi se acostumando, novamente olhei para ele de canto de olho, como se não acreditasse que alguém  pudesse se acostumar com aquilo ― Primeira vez que tive contato com humanos... ― disse travando um pouco, ainda falando baixinho ― Fomos atacados por caçadores... Não fizemos nada e mesmo assim... Queriam nos matar e conseguiram... Éramos apenas crianças ― Aquilo pesava, todas minhas lembranças pesavam e muito, o peso de uma vida ou de varias. Quantas desgraças ainda seria capaz de suportar?

Ele continuou falando, que estava ali para coletar informações e proteger uma pessoa, que falhou com essa pessoa... E com o bando. Mas parecia impossível, dois lobisomens para proteger uma pessoa? Ainda mais em uma cidade cheia de vampiros e caçadores? Balancei a cabeça, levando para trás e encostando a parede, algumas mechas teimavam em cair no contorno do rosto.

Ele pediu desculpas, que estava deslocado com tudo que estava acontecendo ― Deslocado ou perdido? ― Perguntei olhando diretamente para o rosto dele ― Na verdade, não existe acordo referente a está pequena “missão” de escoltar a humana e buscar vocês dois... ― Sabia que não era isto que ele queria saber, por isto continuei ― Quando encontrei com ele e praticamente o ataquei... ― Disse com um pouco de vergonha, mas era verdade e esperei para ver a reação dele antes de continuar ― Depois de uma madrugada conversando com meus tutores, ele resolveu me propor um acordo... Iria tentar resolver meu problema, enquanto eu e os dois iriamos jurar lealdade a ele... Poderíamos procurar os culpados do que houve com meu clã... Mas teríamos que ser fieis ao dele... ― Talvez com aquilo, ele se tornaria menos preocupado, só não sabia dizer se iria realmente aceitar ou entender, já que escondia muitos fatos. 

Assim que o silencio cresceu  com uma voz baixa ela disse que na primeira vez que tiveram contato com os humanos, disse travando um pouco seu corpo era visível a rigidez do corpo, dizendo que foram atacados por caçadores, é não fizeram nada, queriam nos matar quando eram apenas crianças.

― É Hannah não é? Bem nem todos humanos são iguais porem os caçadores possuem um pensamento diferente, eles acreditam que somos ameaças, de certa forma os entendo mais não justiça esta caçada injustificada, lutamos contra isso a muito tempo...

A voz dela era pesada, ela perguntou se ele estava deslocado ou perdido, ele sorriu sem humor.

― Na verdade devo esta os dois para ser sincero, o peso de ser um alfa tão bom como meu pai me persegue há muito tempo, me esforço mais ainda sinto que falho, que não atendo as expectativa dele...

Seus olhos se firmaram no rosto dele, ele conseguia perceber esta sensação mesmo sem estar olhando para ela, era difícil dizer o que estava pensando, ela disse que não havia um acordo, referente a missão de trazer Lydia e buscar os dois, como se pensasse de outra forma relatou o encontro com seu pai, onde ela o atacou.

Ele sorriu para sem olhar para ele. ― Fico imaginando a cena deste momento, provavelmente ele não lhe atacou de volta, porque se tivesse feito você não estaria aqui agora.

A voz dela  parecia sem jeito, em seguida continuou dizendo que  após uma conversa ele resolveu propor um acordo, para tentar resolver o problema dela, enquanto eles juravam lealdade a ele e ao  bando, ao mesmo tempo que poderiam procurar os culpados  pelo que houve com seu clã.

― Estou curioso sobre uma coisa, qual de fato é o seu problema? Sei que posso esta sendo muito intrometido mais o que aconteceu com seu clã? Meu pai não faria esta oferta se ele não tivesse visto algo em vocês, ele é um cara que não se prende a tradições como manter um clã de puros sangues, ou apenas com aqueles transformados por eles, Jhaeson foi transformado por alguém que nem mesmo ele sabe, é meu pai o aceitou de braços abertos.

Lucian tentava justificar, que todos os humanos não eram iguais, de fato, não podemos igualar todos, mas eles faziam com os vampiros, porque eu não poderia fazer com seus amados humanos?

Então falou da frustração dele, era comum, sempre queríamos ser melhores, lembro do meu irmão sempre tendo ataques por não conseguir ser o que meu pai queria, imagino se todos sucessores a Alfa partilhavam daquele sentimento. Ele continuava olhar para frente, sem me encarar, olhava para o nada.

― Seu pai jurou meu matar caso eu o atacasse... E mesmo assim, eu o fiz... Porem, Throst entrou no caminho e o ombro destruído acabou por ser o dele e não de seu pai... ― Disse voltando a olhar para frente e me encolhendo novamente, ele não era alguém que queria conversar, mas sim informações. Isto me incomodava bastante, era como se fosse falso apenas por estar ali, ou seria por se sentir perdido que estava assim?

Acabei fitando a porta do outro lado do corredor ― Sobre meu bando, Throst já te contou parcialmente o que houve... A aldeia foi atacada e destruída... Eramos um grande bando e fomos pegos de surpresa... Antes eramos apenas puros sangue, mas com isto nosso bando estava começando a diminuir, então passamos a aceitar alguns transformados... Quando eu nasci, já havia quase trinta por cento de transformados fosse pelo nosso alfa ou por achar Omegas vagando por ai... ― Fiz uma pausa para então continuar ― Meu pai sempre respeitou todos os lobos, Lucian... Fosse beta, alfa ou Omega... “Todos temos historias e problemas, ninguém é tão fraco que não possa ensinar ou tão forte que não possa aprender” Eram as palavras dele, quando voltava de uma missão acompanhado por um “ex Ômega” ― Queria mostrar para ele, que nosso problema era apenas com humanos e não com a nossa raça. Abri minhas mãos olhando para elas, como se lembrasse daquela época pacifica.

― Aquela noite o clã inteiro foi morto e destruído! Sobrou apenas eu, Throst e Aled... Os corpos do meu pai e do meu irmão sumiram, por isto não sei dizer se estão vivos ou mortos e ainda busco respostas... Na noite que nos atacaram, senti o cheiro de caçadores e outros lobisomens... ― Olhei para ele, Lucian era tão perdido quanto eu, mas ele não se encontrava em seu próprio bando, pois buscava os passos do pai e não trilhar os próprios.  Abri a boca para continuar a responder o interrogatório, mas senti a voz falhar... Talvez, ele esquecesse de querer saber meu defeito.

Enquanto Aled, e Throst deixando que a conversa se desenrolasse entre sua pupila e Lucian, Jhaeson olhava para os dois homens a sua frente, apesar da curiosidade de perguntar se manteve firme e sólido, uma postura que levantou ao longo do tempo, pelo menos quando se tratava de coisas serias e ligadas ao bando.

Ele notou o ar mudar quando Lydia fez seu comentário, Jhaeson sabia que tais palavras não era para ofender, mais ele notava que daquele bando, ela era a mais nova deles, sendo a filha do antigo alfa deles que de certa forma sua proteção poderia ser um pouco exagera.

Viu Throst se sentar confortavelmente na poltrona enquanto acendia um cigarro, que liberava uma fumaça com cheiro de canela, enquanto Aled se aproximava da janela cruzando seus  braços e olhando para o lado de fora, cada um se ocupava como podia para evitar ouvir a conversa dos dois que não era muito difícil, até mesmo Lydia com um pouco de esforço conseguiria ouvir.

Jhaeson caminhou até a janela, parando um pouco distante de Aled, com as mãos no bolso perguntou em um tom baixo:

― Albion falou alguma coisa a mais? Alguma mensagem que não poderia correr o risco de ser ouvida, por “outros”?

Jhaeson queria que com a conversa rolando do lado de fora, o foco e concentração não fosse escutado, por isso uma voz baixa se fazia necessário.

Enquanto parecia se lembrar de um tempo distante a ouviu dizer que o seu pai jurou matar ela se o atacasse, mais mesmo assim ela o fez, porém foi um dos homens que a acompanhava que levou seu ataque, evitando que fosse Albion a recebe-lo.

Ela se encolheu ao terminar de explicar o que aconteceu, Lucian se virou para ela.

― Sabe Hannah, seus tutores se preocupam mesmo com você, da pra ver isso meu pai não é do tipo que faz juramentos, mais cumpre o que promete, como um alfa precisa demonstrar força para ser a defesa dos que confiam nele, se seu golpe tivesse de fato conseguido seguir seu curso, lhe garanto não o teria ferido, porem por outro lado você poderia sim esta morta, seu guardião preferiu se machucar a vê-la morta, esta lealdade e única.

Os olhos dela seguiram para uma porta no corredor, Lucian se perguntou por qual motivo, Lucian sabia o que tinha naquela direção o quarto de Rhiannon, ela começou a falar do seu bando, do ataque, da aldeia destruída, que eram um grande bando que fora pegos de surpresas, que eram formados de puros sangues, e que esta tradição foi se perdendo e dando lugar aos transformados, ate mesmo Ômegas vagabundos.

Ela deu uma pausa, Lucian agora olhava como mais atenção e curiosidade eram raros bandos que faziam isso, um bando era uma unidade integrada, aceitar outros de fora, ou transformados era como ter que ensinar criança a andar, as vezes poderia ser trabalhoso demais.

Ela falou de seu pai, e a voz mudou de tom, dizendo que ele sempre respeitara os lobos, fosse qual classe eles pertencessem, dizendo que todos tinha historias é problemas e que ninguém era tão fraco que não possa ensinar e nem tão forte que possa aprender. Estas palavras tiraram um sorriso de Lucian.

― Eu partilho deste pensamento, a força e compreendida como aquela que subjuga os demais, mas para mim força e quando todos juntos fazem o que só um não é capaz, um bando é isso... Apesar de o alfa ser o líder a força de todos que movimenta as ações.

Lucian a viu encarar suas mãos como se perdesse em alguma lembrança, ele sabia por que às vezes ficava do mesmo jeito, ela seguiu dizendo sobre a terrível noite que destruiu tudo que ela conhecia e amava restando apenas os três enquanto o corpo do seu pai é irmão sumiam na noite sem dar uma certeza a ela do que tinha acontecido, e esta duvida era cruel, por isso ela busca respostas, finalizando que sentiu o cheiro de caçadores e lobisomens.

― Ouvi historias que alguns lobisomens não têm honra, segue  aqueles que pagam mais ou acordos mais vantajosos, alguns deles ate mesmo se alinham aos vampiros, eles não tem nada a ver com o ataque ao seu bando?

Perguntou Lucian olhando para ela, estava ciente que ela não havia dito o seu problema, mais em nenhum momento ela mentiu seu coração não se alterou ou deu indicio disso.

― Mais independente disso, creio que não podemos ficar por muito tempo, se as coisas estão mesmo  tão  perigosas como dito, o rapto da minha amiga não foi mero acaso,  mais acredito  que tudo irá se resolver da melhor forma,  vamos para a colônia e se precisar voltar o farei depois.

Se levantou estendendo a mão para ela. ― Vamos?

Aled observava a cidade mover-se como um belo formigueiro, já passava das sete da manhã e o sol estava iluminando com um ar de neblina ainda que pairava sobre os prédios e arvores mais altos. Parecia mais calmo que deveria, o que não era de estranhar, ele era antigo e viveu por muito tempo entre guerras e inimigos, já possuía as artimanhas que sua pupila ainda aprendia a medida que o tempo ia passando.

Throst por outro lado, estava relaxado, olhando para a fumaça que saia dos lábios e infestava o ar, de vez em quando observava a humana, se havia tomado um pouco de simpatia por ela, após abrir a boca perdeu por completo. Viu Jhaeson se aproximar do colega, por mais que pudesse ouvir ambas as conversas, preferiu se limitar a se distrair com seu vicio adquirido na cidade.

Os olhos cor de mel se pousaram sob Jhaeson, ele parecia ter cautela para falar com eles, mesmo que se ele pudesse saberia que era questão de tempo para se tornarem do mesmo bando. Ele perguntou se possuía algo a mais, se Albion deixou alguma mensagem para eles. Aled respirou fundo, ao contrario dos outros dois, possuía um auto controle superior, ou diria que normal, pois Throst e Hannah o perdiam com muita facilidade.

― As ordens dadas foram apenas de levar tua amiga ― disse pousando os olhos encima de Lydia ― e vocês dois para a aldeia em segurança... ― Ele voltou os olhos para a janela, mantinha os braços cruzados. O silencio durou alguns segundos, até que Aled se pronunciasse novamente, depois de um longo suspiro.

― Hannah não está perdida ou confusa... ― Sua voz era seca, como se explicasse algo que o incomodasse ― Está com raiva, frustrada e com medo... ― Seus olhos pousaram sobre o lobo ao seu lado novamente ― Raiva por ter que viver com humanos... Frustrada por não conseguir vingar seu bando antes de entrar em um outro... E com medo de machucar os membros dele, mesmo que ela não se importe com os humanos... Ela se preocupa com os lobisomens da aldeia... Albion deixou claro que iria controla-la custasse o que custasse, mas ele não veio e duvido que o filho consiga controla-la antes de fazer alguma burrada...

Lucian comentou da lealdade que Throst e Aled tinham comigo, acabei rindo e olhando para ele ― Isto não se chama lealdade Lucian... Isso se chama família... Daria minha vida sem pensar duas vezes para salvar aqueles dois rabugentos...

Ele falou que concordava com meu pai, algo que era raro, ainda mais para um bando que aceitava se misturar com humanos. Disse que mesmo que o líder seja um alfa, mas era a força dos demais que moviam tudo, aquilo possuía uma ponta de verdade ― Todos precisam de um líder, este não pode ser apenas dotado de força superior... Mas de instinto de liderança, força de vontade e um coração tão bondoso quanto de uma criança e tão cruel quanto o de um humano... Cada erro dele, pode custar uma vida... Deve saber pesar cada ação e reação, além de tudo... Cuidar do bando como se cuidasse de um filho... Não é qualquer um que tem este dom.

Depois de contar sobre o ataque ao meu bando, Lucian parecia se concentrar mais no assunto. Falou sobre alguns lobisomens não terem honra, se venderem e até mesmo trabalhar com vampiros, acabei por virar para ele, quando perguntou  se os vampiro tinham algo a ver com o ataque. Mantive o silencio neste assunto, certamente se abrisse a boca, iria acabar por ofender o garoto.

Senti o olhar dele sobre mim, algo mudará, não sabia dizer o que... Ele aceitou bem o que falei, talvez fosse isso? Disse que não podíamos ficar muito tempo ali e isto era a mais pura verdade, disse que tudo iria se resolver, não era verdade. Aquilo nunca iria se resolver! Disse para irmos para a aldeia, caso precisasse ele voltaria e então se levantou estendendo a mão, me convidando para ir. Olhei para sua mão, não sabia dizer o que aquilo realmente significava, mas segurei seu toque era quente e forte, me levantei.  

― Arrume suas coisas... temos que partir logo ― Não sabia se a aldeia ficava longe ou perto, apenas que agora, corríamos contra o tempo. 

Jhaeson não queria parecer intrometido ou se meter nos assuntos deles, afinal tudo aquilo era novo e recente demais, os olhos de Aled fixaram nele, suspirou como se estivesse cansado daquele situação, e apenas disse que as ordens eram trazer Lydia, e os dois para a aldeia em segurança.

Sem mais se virou para a janela, com braços cruzados Jhaeson entendia a relutância e proteção que o homem preservava a sua volta, o silencio ficou presente no quarto por alguns instante quando Aled se pronunciou novamente ainda de costas.

Como se lembrasse de alguma coisa apenas naquele instante começou falando que Hannah não estava perdida ou confusa como Lydia falara, seu tom era de evidente desgosto o que fez o olhar de Lydia se abaixar constrangida, ele explicou que ela estava com raiva, frustração e medo, sentimento que Jhaeson já conheceu de tão perto que não pensou ser capaz de supera-los.

Ele explicou o porquê de cada sentimento, finalizando dizendo que Albion deixou claro que ele iria ajudá-la a se controlar custe o que custasse, mais que ele não veio junto e duvidava que o filho dele fosse capaz de controla-la, Jhaeson sorriu.

― Você está sendo precipitado ao julgar Lucian, apesar de seu estado aparente neste momento, ele é um lobisomem que aprendeu o que a força de verdade significa, ele adquiriu seu poder de Alfa por conta própria e naturalmente... Se Hannah precisar ele vai saber o que fazer pode acreditar em minhas palavras, caso elas não bastem apenas espere e verá.

Sem mais Jhaeson se afastou sentando ao lado de Lydia, já que percebera que eles não estavam com disposição para conversas.

Ainda aguardando que ela fizesse algum movimento ela sorriu dizendo que  a lealdade dos tutores se chamava família, Lucian sabia bem disso, ela talvez apenas interpretou que a lealdade fosse uma obrigação é não algo que era entregue as pessoas importantes.

As palavras que ela falou que todos precisavam de um líder era verdade ainda mais para pessoas como eles, alguém que guiasse e protegesse, assumisse riscos e enfrentasse as consequências, aquelas palavras de fato penetraram bem não apenas nos ouvidos de Lucian, mais em seu coração ainda mais o final que dizia que não era qualquer um que tinha aquele dom, isso o fez se perguntar se ele de fato era capaz de fazer o que precisava, fosse ter o coração de uma criança ou a crueldade de um humano.

Após alguns instantes ela aceitou a mão estendida do lobisomem que a ergueu com facilidade, sem cerimônia ela disse para arrumas as coisas que tinham que partir o quanto antes, ainda segurando a mão dela Lucian disse:

― Sei que as coisas estão perigosas, mais estamos aqui a mais tempo, o movimento e silencioso e por debaixo dos panos, desde que saiamos com a luz do dia não teremos nenhum problema, não tenho muita coisa, é Jhaeson parece não ser muito diferente, questão de minutos arrumamos tudo.

Falou soltando a mão dela, olhando para a mesma porta que ela havia pousado o seu olhar.

― Vamos entrar e arrumar as coisas, depois precisarei apenas de uns cinco minutos para fazer uma coisa e em seguida partimos, como somos muitos teremos que comprar um carro, a viagem pode ser um pouco longa.― Disse abrindo a porta.

Enquanto se sentava Jhaeson ouviu a voz de Aled se pronunciar, dizendo  que não duvidada dele,  mais que o via como criança, que mesmo que ela fosse uma beta ela era arredia e irritada, porem valente ao mesmo tempo que um pouco idiota ao ponto de ate mesmo atacar um alfa.

Aquilo não surpreendeu Jhaeson, mesmo ele dizendo que ela carregou a vida toda o legado do pai e irmão, assim como o Lucian, mas ao mesmo tempo tinha frustração de não conseguir se transformar por conta própria, aquilo sim era uma supressa o fazendo arregalar os olhos momentaneamente, enquanto ele dizia que ela era a mais fraca dos guerreiros do bando,  mais que lutava com todas as sua forças.

A segunda voz veio de Throst que fez Jhaeson se virar para ele, enquanto se recuperava de uma tosse, ele disse que não desmerecia Lucian, mais que acreditava que o problema era muito grande para ele.

O grande homem observava Jhaeson enquanto apagava o cigarro.

― Vocês podem achar que Lucian é uma criança mais isso não muda o fato do que ele realmente é, como disse as atitudes mostraram o que ele é capaz, Albion não deu este fardo a ele se não desse conta, sobre a Hannah o problema ou dificuldade sendo grande ou não ele não foge da luta...

Assim que terminou viu a sombra debaixo da porta se mover, enquanto a maçaneta girava lentamente abrindo a porta lentamente, parando alguns poucos centímetros aberta, com uma mão na maçaneta.

Assim que abriu a porta Lucian notou a postura do corpo da garota mudar, seu tom de voz aumentou de forma alarmada, não como se houvesse um perigo, mais como uma espécie de urgência, Lucian se virou para ela.

Ela disse não, aquilo soou estranho, ate que ela disse que iria sair, para dar uma volta, arrumar um carro que precisavam, sugeriu uma caminhonete, por um momento o lobisomem acreditou ser uma piada, mas a expressão dela não mudou.

Seus olhos seguiram para porta, ela terminou dizendo que  esperava que ele resolvesse o que precisava antes de voltar, sem mais ela colocou os fones nos ouvidos a musica não era alta mais Lucian conseguia ouvir perfeitamente.

Ele parecia não entender como ela que estava sem qualquer coisa além da roupa do corpo conseguiria um caro, pela aparência ela parecia ser mais nova que ele, sem compreender bem, ele abriu a porta adentrando, olhou para todos que o pareciam encarar.

Sem fechar a porta olhou para Jhaeson. ― Pedi que arrumasse as coisas, mas pelo visto não fez isso não é mesmo? Deixa que resolvo isso, se puder acompanhe a Hannah ele disse que iria arrumar o carro para nossa viagem, mas se as coisas estão tão perigosas como pensamos, e temos urgência em partir não seria sábio deixa-la sozinho.

Se virou para os outros lobos, agora mais centrado no que tinha que fazer, e disse:

― Espero que não se importem, acredito que um de vocês queriam ir mais  creio que  Jhaeson é mais que o suficiente, enquanto ele a acompanha, podemos conversar e vou arrumando as minhas coisas pode ser?

Jhaeson dava o credito ao seu amigo, o que era totalmente compreensivo já que Lucian era um alfa do bando dele. Os mais velhos se entreolharam, e acabaram sorrindo, não se zombassem do beta, mas ainda sim teriam que ver para crer.

Os olhos curiosos pararam na porta, o papo com Jhaeson conseguiu distraí-los o suficiente para não perceber que a lupina havia saído sozinha. Aled ficou esperando para que Hannah entrasse atrás de Lucian, mas esperou em vão, fechando sua cara e o punho. Lucian havia dado um pequeno esporro em Jhaeson e depois mandou ele seguir Hannah, pois ela havia saído sozinha.

Por mais que estivessem aparentemente irritados com a atitude da garota, ainda sim esperaram Lucian dar as “ordens” ―  É melhor mesmo ele ir sozinho, capaz de eu dar a maior surra da vida dela! Aquela imbecil não sabe que é perigoso!? ― Aled tentava se segurar, estava nervoso, mas algo que Hannah fazia de melhor, era irritar os dois, por outro lado Throst segurava o riso.

― Só matando para ser a maior ―  Disse o maior, claramente tirando com a cara do mais velho, deixando-o mais possesso ainda! ― Ela é esperta, certamente deve estar atrás de algum contato...  ― Então ele olhou para Jhaeson ― Caso não queria escutar de novo do garoto, é melhor correr, ela é rápida pra se esconder! 

Sabendo melhor que ninguém que não conseguiria ficar sozinha, quem viria? Aled ou Throst? Independente, queria sair desta cidade e me distrair! Nada melhor que arrumar um pouco de confusão ou arrumar algo útil para fazer, e desta vez só precisava arrumar um carro!

Pensei em chamar um taxi, mas caminhar um pouco seria bom. Peguei a direita do hotel caminhando pela calçada, desviando dos apressados humanos com suas vidas atarefadas! O cheiro de café reinava naquele horário as ruas daquele lugar perigoso. Com as mãos nos bolsos e o fone alto ainda escutava os barulhos da volta... Atravessei a rua e peguei a direita...

Parando enfrente a uma escola, onde as crianças corriam desenfreadas pelo pátio da escola, aquilo me chamou a atenção, olhando entre as grades de metal. Preferia esperar quem quer que fosse que viria atrás, melhor esperar que escutar um pouco que dar mais trabalho e escutar mais. 

Lucian viu Aled fechar o rosto quando a lupina não o seguiu, seu punho fechou de forma frustrada, mais não se moveram, mesmo com as ordem que fora dada a Jhaeson se seguir a jovem, o homem grande tentava conter o riso diferente do seu companheiro, as palavras dele foram diferentes do mais baixo.

Ele disse que só matando para ser a maior, disse que lá era esperta e certamente  deveria estar atrás de contatos, Lucian não conseguia entender esta confiança toda sobre uma garota que parecia por vezes ser tão frágil, ele percebeu isso enquanto ela falava de seu bando.

Throst olhou para Jhaeson e disse que  era melhor correr atrás dela, pois ela era rápida para se esconder, Lucian fez um gesto com a cabeça e Jhaeson saiu fechando a porta atrás de si deixando os quatros ali, Lydia parecia deslocada ou não interessada em entrar nos assuntos.

Lucian seguiu até um canto e pegou uma bolsa, seguiu para as gavetas e começou a colocar as coisas dentro delas.

― Hannah me contou como foi o encontro dela com meu pai, e do quase confronto deles, perguntei sobre o “problema” dela, porem ela evitou me dizer, fiquei curioso posso saber ou é algum segredo?

Assim que Lucian confirmou o pedido mesmo a contra gosto ele saiu a trás da garota, o cheiro dela era peculiar diferente dos demais, era difícil perder tal cheiro, porem misturado a ar frio, fumaça, perfume, e cheiros diversos entre temperos, verduras  pouco a pouco começa a se evaporar.

Jhaeson aguçou seus sentidos se focando apenas no cheiro dela, sua visão brilhou mais intensa criando um rastro de fumaça arroxeado que parecia ser o cheiro de Hannah, a seguindo Jhaeson atravessou, após alguns minutos o cheiro se intensificou, seus olhos voltaram ao normal, quando ele a avistou, se aproximou de forma cautelosa.

― Hannah, Lucian pediu para que a acompanhasse, se o perigo  esta tão intenso como mencionado, não podemos dar chance para o azar, mesmo a luz do dia, não são apenas os vampiros que podem causar estrago.

Disse Jhaeson  seguindo o olhar para a direção dela, viu para onde seus olhos se fixavam, se aproximou e perguntou:

― Porque você saiu... Não creio que foi para ver um carro não é mesmo? ― O tom de Jhaeson era tranquilo mais parecia ser mais uma confirmação que uma pergunta.

Os dois acompanharam Jhaeson com o olhar até a porta se fechar, depois voltaram para Lucian, como se fossem dois gatos curiosos olhando a movimentação, Throst já estava conformado com a personalidade da garota, já Aled parecia mais um pai super protetor com Hannah, como se ela fosse ser atacada se por um acaso ele tirasse os olhos dela.

O alfa começava a fazer as malas, pelo visto estava naquela pousada faziam alguns dias, já utilizava das gavetas do quarto, mas ambos sabiam que ele não iria ficar quieto sobre o assunto, ele era tão curioso quanto a jovem lupina que os acompanhava.

Não demorou para Lucian recomeçar o interrogatório, perguntou sobre o tal problema da garota, Throst apenas revirou os olhos e acendeu outro cigarro, dando a deixa para Aled abrir a janela para o ar ficar com menos cheiro de canela e tabaco.

Aled respirou fundo e encostou-se a janela ao lado cruzando os braços e olhando para Lucian ― Hannah não sabe se controlar... Talvez mais do que o normal... ― Aled tentava contornar, porem sabia que não seria muito bem sucedido, acabou acariciando a rala barba. Throst odiava ter que espalhar aquele fato, mas parecia que todos que a viam queria saber o que ela tinha de... Diferente.

Esperei alguns minutos e logo o cheiro entregou quem veio ao meu encontro, uma surpresa por assim dizer. Dei um passo e segurei a grade enquanto escutava os passos pesados do lobisomem se aproximarem como se tivesse medo que eu fugisse, se o quisesse já teria corrido e não esperado para que me encontrasse.

Suas palavras me fizeram sorrir, serio mesmo que Lucian se preocupava e não foi os dois que o mandaram? Falou que mesmo sob a luz do sol, não eram apenas vampiros que poderiam me causar estragos ― Humanos também podem... ― Sussurrei sem tirar os olhos das crianças, uma em especial, uma garotinha de olhos cor de mel, longos cabelos escuros divididos em chuquinhas com infinitos cachos que voavam enquanto ela corria, seu sorriso era tão inocente, digno de um filme ou um pôster.

Como Lucian ele foi direto ao assunto, disse que eu havia saído não para procurar a condução, mas para algo a mais, tirei os fones e olhei para ele ― Difícil esconder as coisas hoje em dia... ― Forcei um sorriso ― Mas verei o carro do mesmo jeito, deixei pré acertado em Amsterdã, daria minha moto e metade da caminhonete para um carro aqui... Só preciso ir no sobrinho do homem que eu acertei e pegar o carro... ― Voltei o olhar para a rua atrás de nós, me virando e encostando as costas na grade ― Não garanto que seja uma nova, mas dará para viajar sem ninguém suspeitar de nada... Mas me diga... O que te preocupa tanto Jhaeson? ― tentava enrolá-lo para inverter os papeis.

A pergunta de Lucian não era nada estranha, apesar de parecer curiosidade meramente, as perguntas serviam para conhecer melhor aqueles que iriam integrar parte de seu bando, era evidente que ali havia um por que.

Throst acendeu um cigarro, Lucian olhou para ele rapidamente, antes de ver Aled abrir a janela, ele respirou fundo, e encostou na janela cruzando seus braços e olhando para Lucian aquela postura demonstrava a rigidez e proteção em não falar ou se abrir muito.

Quando falou de forma cautelosa, dizendo que o problema dela é que ela não sabia se controlar, dizendo que era algo mais do que o normal, aquilo só significava que ela era uma transformada, mais se fosse o caso como ela era  filha de um alfa, as palavras de Aled não ajudou muito.

Lucian o viu coçar a barba, neste meio tempo, já estava na terceira gaveta, colocando seus pertences, assim que acabasse teria que ir para o de Jhaeson, mais devido ao pouco tempo dele ali, não teria muito que arrumar.

― Suas palavras  não revelam muito... Ela não se controlar significa exatamente o que? De onde venho isso só pode ser duas coisas, ou ela é uma transformada, ou uma mestiça. Sei que controlar o lado animalesco não é fácil mais já nascendo assim ela deveria ter aprendido isso a muito tempo...

Assim que se calou viu um leve sorriso se revelar nos lábios dela, era difícil entender o que ele significava, ela disse que  além dos vampiros os humanos também poder causar estrago.

― De fato você esta certa, eu fui um humano... Não nasci um lobo, mais algo que sei é que nem todos são iguais, seja humano, lobisomem, caçadores e vampiros... Mais isso não significa que sejam bom, apenas que escolheram ser o que são.

Ela olhava para a crianças que brincavam, para alguém que rejeitava os humanos era estranho ver tal olhar na face da garota, ela disse que era difícil esconder alguma coisa hoje em dia, para lobos sempre fora difícil, ela explicou como conseguiria o carro, surpreendendo Jhaeson com sua maneira de resolver as coisas, dizendo que o veículo não seria novo mais daria para viajar é por vim, perguntou o que preocupava o lobisomem.

Jhaeson não entendia o que ela queria dizer com aquelas palavras, mais ele apenas olhou adiante como se seu olhar fosse vago.

― O mundo que vivemos não é fácil, passamos por tantas coisas e mudanças que estamos sempre nos transformando, seja qual espécie pertencemos, sei um pouco o que aconteceu com você, e posso dizer que você precisa... Ou melhor você deve se permitir que as coisas venham até você, senão você se tornara algo que nem mesmo seu pai se orgulharia.

O lobisomem encostou na grade do mesmo jeito que Hannah.

―  O que me preocupa é que as coisas estão uma bagunça, Albion esta agindo sozinho, Lucian está passando por um conflito interno perigoso, o bando parece ansioso para uma grande batalha, enquanto os vampiros parecem querer esconder algo por debaixo dos panos, talvez seja tudo isso junto que me preocupa, e você do que foge?

Aled sabia que não iria enrolar, ainda mais um alfa! Mas tentava... Throst olhava para Lydia, que parecia estar deslocada e de fato estava.

― Ela nasceu assim... ―  Não era mentira... ―  Só que não consegue se controlar... É como se fosse uma doença, a primeira vez que conseguiu se transformar... ―  As palavras acabaram por falhar ao velho lobo, pensou que poderia ser por revirar tanto o passado.

― Ela se transformou porque estava realmente em perigo... Foi cercada por caçadores junto ao meu afilhado... ―  Aled se calou e deixou o colega continuar a historia ―  Achamos que seja por isto, que em vez de aceitar como se fosse natural, ela luta contra... ―  Disse Throst após dar uma longa tragada ―  Ela é problemática do inicio ao fim rs ―  Terminou olhando para Aled, que concordava com a cabeça, como se fosse um obrigado silencioso entre os dois. Aquilo não era mentira, mas também não era totalmente verdade.

Estranhei o fato de Jhaeson falar que os vampiros também não eram de completo mau. Tanto que olhei para ele com uma incerteza. Ele falou que o mundo vivia mudando, aquilo era a mais pura verdade, disse que eu devia permitir que as coisas viessem até mim, porem, não entendi nada o que falou.

Ele se endireitou e olhou para a rua como eu. Falou das grandes mudanças que estavam por vir e que era aquilo que ele se preocupava e finalizou com uma perguntas. Olhei para frente com um meio sorriso nos lábios.

― Eu me pergunto o que meu pai pensaria ao me ver, aceitando a oferta para entrar em um bando, que aceitam Humanos em seu meio... Certamente não se orgulharia ―  Ajeitei o casaco ― Não é como se nós colocássemos todos humanos e os julgassem mal... Muitos transformados acabaram sendo aceitos na aldeia, porem... ― tentei achar as palavras, mas nunca precisei expressar aquilo, era difícil por em palavras ― Suponhamos, que essas crianças fossem filhos de caçadores... Ou quem sabe vampiros... Nunca feriram ninguém, mas você sabe que seguiram os passos dos pais... ― Me virei para ele, olhando para seu rosto e sussurrei ―  Seria capaz de mata-las com um sorriso no rosto? Seria capaz de se orgulhar ao escutar o grito histérico delas, indefesas, ignorar o apelo de socorro? Invadiria suas casas atrás de algo que você nem mesmo sabe se é verdade?

Não precisava escutar sua resposta, apenas sua reação. Coloquei as mãos nos bolsos, ainda esboçava aquele sorriso falso ―  Vamos, não podemos deixar os outros esperando... ―  Disse seguindo o caminho, mesmo sem os fones ainda podia escutar a musica vinda deles ―  Por um acaso, você não deveria estar fazendo as malas?